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A PSICOLOGIA E A JUSTIÇA

A parceria entre a Psicologia e a Justiça está cada vez mais fortalecida pelo reconhecimento da contribuição da psicologia para a construção do ideal de justiça. Esta parceria tem sido muito positiva no lidar com as questões de conflitos com a lei, já que a colaboração destas duas áreas auxilia na busca de uma melhor forma de solucionar problemas e para obter um resultado mais justo para todos os envolvidos.


O psicólogo, atendendo as pessoas, ouvindo-as e apoiando-as, sem qualquer interação com juízes, promotores, advogados e com outros profissionais que estejam envolvidos nos casos, fará um trabalho incompleto sem obter um resultado satisfatório.


Acredito que todos os profissionais, de todas as áreas envolvidas em um conflito, podem trabalhar unidos e em parceria para solucionar problemas de justiça, sociais, educacionais, emocionais, sejam eles individuais, de um grupo, de uma comunidade ou da sociedade, como um todo.


No período em que estive na 2ª DDM, Delegacia de Devesa da Mulher, realizei pesquisa para realizar monografia do curso de Especialização em Psicologia Jurídica. Foi elaborado um questionário para as mulheres que são agredidas pelos maridos e/ou companheiros.


“O que elas achavam de serem atendidas por psicólogos no momento que chegavam na Delegacia para fazer boletim de ocorrência contra os seus agressores?”


A resposta foi que é muito importante conversar com o psicólogo, pois se sentia mais a vontade de falar do ocorrido: “é muito bom conversar com uma pessoa que não te julgue, as pessoas não sabem como é difícil entrar em uma delegacia para denunciar o marido, o pai de seus filhos”.


Ainda que muitas pessoas digam que conhecem, que estudam ou estudaram a Violência. Doméstica Intrafamiliar, fico mais convencida que pouco conhecemos, pois cada vez que converso com pessoas que sofrem este tipo de violência, tenho surpresas e sofro impactos imensos, em cada caso.


Convivendo e conversando com pessoas que tem suas vidas marcadas pela dor e sofrimento, fiz uma pergunta para mim mesma: onde será que uma vítima consegue tanta força psíquica ao continuar a viver com uma pessoa ao seu lado que a agride, desmoraliza, machuca e violenta, deixando cicatrizes por todo o corpo e mente e, ainda, mantém uma relação amigável?


Procurei respostas, mas em vão, não encontrei nenhuma.


Emergiu apenas uma explicação, que me pareceu, poderia se aproximar de uma meia resposta: a mulher, socialmente construída, é considerada um ser frágil, delicada, bela, sonhadora, cheia de sensibilidade e romantismo.


Quando chega a hora da mulher se relacionar amorosamente, é ela que tem que cuidar de tudo que pode atrair e agradar seu parceiro. Preocupa-se com a beleza dos pés ao último fio de cabelo; se tem uma acne no rosto, se as unhas estão bonitas, se o cabelo está limpo e perfumado, se o perfume que usa vai agradar o seu amado, se a roupa combina com o sapato, enfim, é uma preocupação intensa e cheia de sonhos para uma vida perfeita, que possa garantir o romance eterno.


Chega o momento em que se concretiza a união, o casamento. Este é o momento em que grande parte das mulheres tem sua maior preocupação, pois o momento é de decisões importantes e que uma vez tomada não tem volta.


Busca todos os recursos de criatividade, sonhos, desejos e fantasias, como a escolha do vestido, sapato, maquiagem, buquê, igreja, padrinhos, damas de honra, buffet, comida, bebida, lembranças, casa onde morar, filhos enfim, tudo deve ser muito bem planejado, pois nada pode destruir o conto de fadas que foi criado para o dia do casamento.


Então, tudo acontece do jeito que sonhou. Sem pensar no futuro a mulher, após o casamento, para seus pensamentos e seus sonhos, sem condições emocionais para pensar em outros sonhos, deixando que outros complementem o seu futuro. E o tempo passa, quando alguma coisa foge daquilo que ficou registrado no psíquico, como desejável, ela protela até o dia que as agressões do marido vem a público.


O que pude perceber nos relatos de algumas mulheres, no momento em que chegavam à delegacia para fazer o boletim de ocorrência, sempre com lesões profundas no corpo e no rosto, marcas físicas que nem cirurgias apagam, perda da visão, cortes por todo o rosto, é que em nenhum momento reclamavam das marcas recentes.


Sabiam que após ficar registrada a queixa contra o marido, mesmo que ele não fosse sofrer punição da Justiça, que nunca mais a relação do casal iria ser como foi. Mas se iludiam pensando que se ela não der o seu depoimento na delegacia, voltar para casa e o marido pedir perdão, que tudo voltaria a ser o que sempre foi.


Então pensei: Será que em razão dos seus sonhos, romantismo e fantasias, a mulher perdoa quantas vezes o seu amado pedir perdão? Pode ser que seja uma característica da mulher, perdoar, perdoar, perdoar, quantas vezes ouça um pedido de perdão?


Para finalizar quero dizer que: "A Justiça ao acordar sai de casa à procura de pessoas para condenar, julgar e prender e a Psicologia ao o acordar procura pessoas para cuidar, tratar, curar e libertar".


Cada um (Justiça e Psicologia) trabalha cumprindo com suas metas e com um mesmo objetivo: fazer com que a violência se transforme em paz e harmonia.


A Clínica Vida Minha está capacitada/preparada para trabalhar juntamente com a Justiça oferecendo atendimento psicológico, orientação jurídica, psicoterapia para casal e família.


A Clinica Vida Minha está pronta para atender as pessoas que sofrem violência de todas as formas, contando com uma equipe de profissionais capacitados, espaço acolhedor e com instalações adaptadas para o atendimento a deficientes físicos.

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